sábado, 27 de abril de 2013

O Pensamento de Amit Goswami

"Místicos, ao contrário de religiosos, dizem sempre 
que a realidade não é duas coisas - Deus e o mundo - mas uma única coisa, 
a consciência."

(Amit Goswami)

Considerado um dos grandes físicos da atualidade, Amit Goswami, Ph.D em Física Nuclear, foi professor do departamento de Física da Universidade de Oregon, Estados Unidos, por 32 anos. Ativista quântico, trabalha atualmente como consultor, escritor, conferencista e pesquisador.

Materialista a partir dos 14 anos de idade, Amit sentiu que estava seguindo por um caminho equivocado aos 45 anos, durante uma conferência de física, e posteriormente, ao conversar com o místico Joel Morwood. Diz ele: "Eu tive o insight criativo de que a consciência, e não a matéria, é o terreno no qual a existência e a ciência podem e devem ser realizadas, nessa base metafísica". 

Goswami tem vários livros publicados e é hoje conhecido e respeitado mundialmente. Seu foco tem sido a união entre ciência e espiritualidade. 

Transcrevemos a entrevista a seguir, concedida a Wanise Martinez, publicada na revista Sexto Sentido: 

O senhor disse que a ciência e espiritualidade têm de trabalhar juntas. De que forma isso é possível?

A espiritualidade agora é vista como sendo científica. A questão importante é: ciência e religião podem trabalhar juntas? A ciência está nos ajudando a diferenciar espiritualidade e religião. A espiritualidade é um chamado natural para alguns de nós e não pode ser considerada como parte da pauta secular que separa estados e religiões. Religiões referem-se a formas de manifestar a espiritualidade em nossas vidas e existem muitos modos disso acontecer; nós devemos ser livres para investigar todas as religiões, até o ateísmo, para descobrir a espiritualidade. Esse movimento em direção ao que as pessoas estão chamando pós-secularismo é uma das mais importantes contribuições do novo paradigma da ciência integrando ciência e espiritualidade.

A que o senhor atribui essa aproximação cada vez maior entre a ciência o conhecimento das tradições místicas espirituais?

Eu penso que a nova integração de ciência e espiritualidade é parte de uma jornada evolucionária de uma tendência racional para uma intuitiva, na qual não apenas o pensamento racional é valioso, mas também está integrado com emoções e intuições.

De que maneira é possível fazer essa relação? Em que ponto elas se unem?

Agora que a ciência está dando suporte ao centro da sabedoria mística que existe por trás das religiões populares, estas vão deixar de ser defensivas, e a modernização que há muito é necessária a elas pode ocorrer. Muitas religiões – o Islã é a mais visível – precisam modernizar-se e reconhecer a necessidade de se abrirem e de se tornarem disponíveis não apenas para uns poucos escolhidos, mas também para as pessoas comuns, inclusive as mulheres.

Qual é a principal relação entre a física quântica e o processo criativo existente nas pessoas?

O processo criativo humano apenas pode ser entendido quando nós reconhecemos a física quântica do movimento do pensamento. Por exemplo, o insight criativo é um salto quântico descontínuo do pensamento, no estilo do elétron atômico que salta de uma órbita para outra sem passar através do espaço entre elas.

O senhor acredita que a criatividade nasce com as pessoas ou é aprendida ao longo da vida? Existe alguma forma de desenvolvê-la mais rapidamente?

A criatividade é universalmente inata em nós, mas o talento, não. Nossa sociedade encoraja preferencialmente a criatividade de pessoas talentosas. Isso é um problema. Contudo, nós podemos superar a falta de talento por meio do aprendizado e percebendo que a mais admirável arena da criatividade é a criatividade interna, a criatividade devotada aos objetivos espirituais de transformação.

Por que escolheu como foco de pesquisa estudar a relação mente-corpo por meio da cosmologia e da mecânica quântica? Qual é o seu objetivo?

Como cientista, nunca me senti contente com o compromisso que muitos cientistas que veem valor na espiritualidade tendem a aceitar – ou seja, ser um cientista e acreditar no materialismo científico de segunda a sexta-feira, e  tornar-se um crente na metafísica espiritual no fim de semana. Eu acredito que existe apenas um mundo e uma percepção do mundo. Agora, eu descobri que isso é assim. Meu objetivo é trazer esse ponto de vista monístico para a forma como vivemos e em torno da qual nossa sociedade é construída. Consequentemente, estou pondo em prática um movimento chamado “ativismo quântico”.

Como o senhor lida com as críticas, tanto pelo lado da ciência quanto do místico e religioso?

Com paciência. Tanto a ciência quanto a religião estão confortáveis em seus respectivos casulos. A ideia de uma mudança de paradigma é desconfortável para as pessoas que estão no poder. O novelista Upton Sinclair disse algo a respeito: se as pessoas estão conseguindo viver sem entender algo, torna-se difícil fazê-las entender. Os jovens são tão livres para pensar como são os jovens de coração, que não possuem interesses adquiridos.O ativismo quântico é dirigido a essas pessoas.

Por que o princípio da incerteza é fundamental em nossa consciência?

O princípio da incerteza aponta que as interações materiais só podem gerar possibilidades. Uma consciência não material é necessária para converter possibilidades em realidades.

O senhor afirmou em uma entrevista ao programa Roda Viva, aqui no Brasil, que os cientistas normalmente dizem que a ciência deve ser objetiva, mas que o senhor percebeu que a ciência deve ser objetiva somente até certo ponto. Que ponto é esse? O senhor acredita que a ciência pode adentrar o universo da subjetividade sem perder seu foco principal de pesquisa?

A ciência pode ser objetiva quando está lidando com números grandes para os quais tudo o que você precisa são as probabilidades que a física quântica torna possível calcular. Porém, na importante área da criatividade, incluindo espiritualidade, eventos únicos são importantes, e a subjetividade passa a ter destaque. Nesse sentido, a própria evolução é parcialmente objetiva, darwiniana; mas aí existem as lacunas fósseis, que significam eventos descontínuos de saltos quânticos criativos nos quais tem papel a subjetividade de espécies inteiras.

O senhor acredita que a ciência unida à espiritualidade pode melhorar a relação existente entre os seres humanos, e entre os humanos e o planeta?

Sim, mostrando que nós somos todos um, toda a biota planetária (biota = conjunto de todos os seres vivos de uma região). A nova ciência está dando um novo significado à expressão “ecologia profunda”.

De que forma as pessoas podem encontrar a cura para suas doenças na própria consciência?

Se a doença está no nível da energia vital ou mental, a cura também deve ocorrer nesses níveis. Essa cura é a cura quântica que se deve aos saltos quânticos em nossos pensamentos e sentimentos.

A espiritualidade tem mais possibilidade de curar do que a ciência ou as duas devem trabalhar juntas?

Podem-se obter muitas vantagens em trabalhar juntos. A ciência médica material nos ajuda a ganhar tempo precioso, que é necessário para conseguir saltos quânticos conscientes, insights de cura.

Em seu livro Evolução Criativa das Espécies (Ed. Aleph), o senhor fala dos equívocos nas teorias tradicionais evolucionistas. Qual o senhor acha que é o principal deles?
A mais importante concepção errônea é que a teoria de evolução contínua do darwinismo possa explicar as lacunas fósseis (a descontinuidade nas linhagens fósseis evolucionárias).

O senhor acredita em Deus ou na existência de uma força superior?

Sim. E não é apenas uma crença. Está respaldada tanto por investigações científicas quanto por minhas próprias experiências de vida.

Quais são os seus projetos futuros como físico? E como espiritualista?

Como físico quântico, eu quero aplicar a ciência à consciência, a nossos sistemas sociais, desenvolver uma economia espiritual. Como uma pessoa espiritual, eu sou um ativista quântico.

O que o senhor gosta de fazer nas horas livres?

Caminhar na natureza com minha esposa. Ler romances históricos. Meditar.

O senhor se sente realizado profissionalmente? O que ainda deseja fazer?

Bem... a mudança de paradigma ainda não está completa. Eu espero viver o bastante para vê-la se completar. Eu quero inspirar pessoas a seguir o ativismo quântico, a usar os princípios quânticos para transformar a si mesmos e a sociedade.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

A Falta de Sentido - Eckhart Tolle


Pergunta: Por favor me responda: Porque acontecem eventos sem sentido?

Eckhart TolleNós não podemos entender um evento através da mente.
Quando nós perguntamos: Porque isso aconteceu com ele? Porque isso aconteceu comigo? Isso não faz sentido! Ele tinha a vida toda pela frente, e caiu doente e morreu prematuramente. Então a mente diz: Isso não deveria ter acontecido. Isso é ainda pior quando se perde uma criança. Parece ser contra a inteira lei do universo, quando a vida é tirada de alguém que mal começou a viver. Existe em nós um desejo sincero que a criança se recupere.

A mente humana não pode entender porque certas coisas acontecem dentro da totalidade.

Mas ela pode entender, especialmente agora pela física quântica, que não há nenhum evento isolado, tudo está na verdade conectado com tudo o mais. É somente através de nosso isolado senso superficial, que isolamos algo e dizemos : isso é um evento. Mas um evento é parte da totalidade do cosmos. Esta provavelmente conectado com coisas em outras galáxias; o universo inteiro é um organismo, um ser. Tudo aí é conectado, então não há eventos isolados, separados.

Mas não nos é possível entender, pela mente humana, qual a função desde evento que parece sem sentido, que função ele tem na Totalidade.

E isso, inclui as piores coisas que os humanos infligem a outros humanos. (…)
Todos os problemas que são criados no planeta, guerras, campos de concentração, armas químicas, e outras coisas terríveis que mesmo em nossos mais terríveis sonhos, não poderíamos imaginar. E eles fazem tudo isso, para infligir sofrimento a outros homens. Porque tudo isso?

E mesmo isso, dentro da totalidade, tem uma função.

Mas não podemos entender, pois tudo o que vemos são fragmentos.
Se tem uma grande pintura e tiramos dela somente um pequenino pigmento, diríamos: O que é isso? Isso não faz sentido.

Somente quando vemos a Totalidade é que veremos onde ele se encaixa. Pode se ter um vislumbre disso quando se vê um evento aparentemente negativo, como sendo algo que não deveria acontecer. Nesses tempos nós temos todas essas crises mundiais, como a do Iraque. Nos anos 60 tivemos o Vietnã. Vamos olhar para isso para termos só um vislumbre. De um lado tivemos essa guerra que posteriormente foi reconhecida mesmo pelas pessoas no poder, como provavelmente um erro. (…) Provavelmente um erro, grande sofrimento infligido sim. Ao mesmo tempo houve um grande despertar no planeta, especialmente vindo da costa oeste da América, um grande movimento de despertar espiritual. De algum modo o suposto evento negativo não pode ser completamente separado desse evento também. Nesse despertar, a loucura da mente coletiva humana ficou visível.

A visão da loucura da mente humana coletiva, foi verdadeiramente parte desse despertar. Muitas centenas de milhares de pessoas, acabaram se desidentificando com as antigas formas de pensamento coletivo, com as quais até então estavam plenamente identificados.(…)

Quanto mais profundamente sabemos disso, mais o mundo das formas, das coisas, muda. E agora chegamos a algo que temos falado: viver em duas dimensões.

Quando os humanos, ou quando um ser humanos vive em duas dimensões, que são : a forma – o mundo das coisas, e o sem-forma, a quietude, o “vazio”.

Essa quietude faz algo também ao modo em que você experimenta o mundo da forma. É algo que flui para o reino da forma que não remove certas polaridades, que são sempre inerentes ao mundo da forma, mas que faz o mundo da forma ser um lugar mais suave. As polaridades ainda estão lá, as formas ainda se dissolvem e se desagregam, mas sem a rudeza e o incrível sofrimento que se manifesta quando a mais profunda dimensão está ausente na vida humana.

Então, isso é como o mundo se torna um lugar mais benevolente, o que ele já é, mas que a mente humana criou o inferno. O planeta mesmo é uma bela jóia de inominável beleza. E os humanos o estão envenenando, destruindo…é loucura…é o que é. Você o vê. Quanto mais seres humanos verem a loucura disso, mais a mudança chega. Você não pode brigar com a loucura, pois assim se tornará louco também. Essa é uma verdade interessante: se você brigar com a loucura, você se torna louco. Você também entra na loucura. Se você brigar com a inconsciência, você é arrastado para a inconsciência. Portanto simplesmente vê-la é suficiente. Você pode denunciá-la, sim, você pode escrever nos jornais sobre isso, mas sem o espírito de luta por traz disso.
Quando você personaliza o inconsciente, faz uma identificação com ele. E acaba por rotular alguma pessoa ou algum grupo de mal, (…) mas essa não é a verdadeira identidade deles, eles incorporaram ainda, a inconsciência humana…”

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Consciência Única


"Existe uma única onda que permeia todo o Universo.
Esta Onda pode se expressar na forma material também.
Esta Onda pode subdividir-se para acrescentar vivências e informações.
Para esta Onda não existe passado, presente nem futuro.
Esta Onda inclui todas as dimensões, planos, branas, universos, multiversos, realidades...
Esta Onda é Uma-Única-Consciência.
Esta Onda é puro Amor.
Esta Onda evolui na expressão do Amor."