sábado, 11 de setembro de 2021

Física Quântica X Esoteristas

O físico Marcelo T. Yamashita(*), doutor em Física, Doutor em Física, responde à pergunta:

 "Quais são os conceitos da física quântica que os esoteristas costumam incorporar às suas hipóteses?"

"Posso destacar quatro: a dualidade onda-partícula, o Princípio da Incerteza, o termo energia e o experimento imaginário do gato de Schrödinger. Vou explicá-los.

 A dualidade onda-partícula é o seguinte: partículas fundamentais – como um elétron ou fóton, por exemplo – apresentam um comportamento que chamamos de dual. Em algumas situações, agem como onda; em outras, como partícula. Essa dualidade (que não se aplica ao nosso mundo macroscópico cotidiano) é utilizada pelo esotéricos para dizer que “tudo é onda”, “tudo é vibração”.

 Agora o Princípio da Incerteza. Ele diz, grosso modo, o seguinte: se soubermos a velocidade de uma partícula com uma precisão infinita, simplesmente não saberemos sua posição. Já se soubermos sua posição, não saberemos a sua velocidade. Essa é uma limitação imposta pela natureza à medição dessas duas grandezas.

 O Princípio decorre de uma série de procedimentos matemáticos desenvolvidos em 1925 por Werner Heisenberg que descrevem muito bem algumas propriedades do mundo quântico. Mas ele é comumente utilizado por esoteristas para relativizar a realidade. O argumento é simples: já que nada está determinado, tudo pode ser modificado pelo pensamento.

Então, há a apropriação do termo energia. Há energias muito bem definidas na física – como a energia cinética ou energia potencial gravitacional, por exemplo. Os esotéricos gostam, porém, de criar uma categoria de energias que só eles conseguem sentir: eles a classificam como boa ou ruim e dizem que estaria relacionada aos sentimentos das pessoas ou à disposição dos objetos em um ambiente (o conhecido Feng Shui).

 Por fim, há o gato de Schrödinger. Nesse experimento mental, há um gato dentro de uma caixa. Junto com ele, há um vidro de veneno. O veneno será liberado dependendo da desintegração de um núcleo atômico radioativo.

Antes da abertura da caixa e verificação do estado do gato, portanto, ele pode ser descrito como estando morto e vivo ao mesmo tempo. Isso é invocado pelos esotéricos como um exemplo de que a consciência influencia a realidade. Essa influência, porém, não existe. Ou o núcleo atômico se desintegra, ou não. Ou gato estaria morto OU vivo – e não morto E vivo – se qualquer equipamento, independente da participação de uma pessoa, realizasse a observação."

A matéria completa está em:

https://super.abril.com.br/ciencia/titulos-e-premios-nao-impedem-ninguem-de-falar-besteira/

(*)Marcelo T. Yamashita é Doutor em Física pela Universidade de São Paulo com pós-doutorado no ITA. Atualmente é professor e Diretor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, membro do Conselho Editorial da Fundação Editora UNESP e membro do Scientific Council do ICTP South American Institute for Fundamental Research.  

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