O físico Marcelo T. Yamashita(*), doutor em Física, Doutor em Física, responde à pergunta:
"Quais
são os conceitos da física quântica que os esoteristas costumam incorporar às
suas hipóteses?"
"Posso
destacar quatro: a dualidade onda-partícula, o Princípio da Incerteza, o termo
energia e o experimento imaginário do gato de Schrödinger. Vou explicá-los.
A
dualidade onda-partícula é o seguinte: partículas fundamentais – como um
elétron ou fóton, por exemplo – apresentam um comportamento que chamamos de
dual. Em algumas situações, agem como onda; em outras, como partícula. Essa
dualidade (que não se aplica ao nosso mundo macroscópico cotidiano) é utilizada
pelo esotéricos para dizer que “tudo é onda”, “tudo é vibração”.
Agora
o Princípio da Incerteza. Ele diz, grosso modo, o seguinte: se soubermos a
velocidade de uma partícula com uma precisão infinita, simplesmente não
saberemos sua posição. Já se soubermos sua posição, não saberemos a sua
velocidade. Essa é uma limitação imposta pela natureza à medição dessas duas
grandezas.
O
Princípio decorre de uma série de procedimentos matemáticos desenvolvidos em
1925 por Werner Heisenberg que descrevem muito bem algumas propriedades do
mundo quântico. Mas ele é comumente utilizado por esoteristas para relativizar
a realidade. O argumento é simples: já que nada está determinado, tudo pode ser
modificado pelo pensamento.
Então,
há a apropriação do termo energia. Há energias muito bem definidas na física –
como a energia cinética ou energia potencial gravitacional, por exemplo. Os
esotéricos gostam, porém, de criar uma categoria de energias que só eles
conseguem sentir: eles a classificam como boa ou ruim e dizem que estaria relacionada
aos sentimentos das pessoas ou à disposição dos objetos em um ambiente (o
conhecido Feng Shui).
Por
fim, há o gato de Schrödinger. Nesse experimento mental, há um gato dentro de
uma caixa. Junto com ele, há um vidro de veneno. O veneno será liberado
dependendo da desintegração de um núcleo atômico radioativo.
Antes
da abertura da caixa e verificação do estado do gato, portanto, ele pode ser
descrito como estando morto e vivo ao mesmo tempo. Isso é invocado pelos
esotéricos como um exemplo de que a consciência influencia a realidade. Essa
influência, porém, não existe. Ou o núcleo atômico se desintegra, ou não. Ou
gato estaria morto OU vivo – e não morto E vivo – se qualquer equipamento,
independente da participação de uma pessoa, realizasse a observação."
A
matéria completa está em:
https://super.abril.com.br/ciencia/titulos-e-premios-nao-impedem-ninguem-de-falar-besteira/
(*)Marcelo T. Yamashita é Doutor em Física pela Universidade de São Paulo com pós-doutorado no ITA. Atualmente é professor e Diretor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, membro do Conselho Editorial da Fundação Editora UNESP e membro do Scientific Council do ICTP South American Institute for Fundamental Research.
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